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Crônica de um acidente não anunciado por Elisiany Leite

Após um excelente recesso de fim de ano, tudo volta ao normal, isto é, o trabalho nos chama e rápido. Então, dia cinco de janeiro é o primeiro dia de aula, acreditem do ano letivo de 2014 ainda. Vesti-me cedo para não chegar atrasada. Poucos alunos é claro, muitos já se consideravam de férias. Ganhei presente por causa que meu aniversário estava pertinho, prêmio e etc... Um dia como outro qualquer e até melhor. Sabia que iria folgar no dia seguinte, assim contava as horas. Só que eu não esperava um pequeno incidente, ou seria acidente!? De tarde, fui substituir uma colega de trabalho e fiquei com duas turmas ao mesmo tempo. Não se espantem, caro leitor, isso é bastante comum nas escolas. Apesar de você não ter um clone e não ganhar extra nenhum. Tive um pressentimento. Algo nada bom iria acontecer e não poderia evitar; e nem saberia identificar qual catástrofe??? Como meninos são, por natureza agitados, naquele instante um deles correu e sem querer pisou bruscamente no meu pé esquerdo que o quinto dedinho levantou e estralou pior que ovos fritos. Uma dor foi suprimida por um grito e uma lágrima que escorreu no rosto. Segurei fundo e dei minha aula até o final. Talvez, a dor infinita não tinha se manifestado totalmente ou como diria os mais sábios: " o sangue estava quente e por isso você não percebeu o pior." No intervalo, corri atrás de gelo, água gelada, algodão, gelol etc... Qualquer remédio que aliviasse o meu sofrimento. Porém, foi em vão. O pé inchou e ficou vermelho. O dedo mudou de cor: cinza, lilás, e outros tons de cinza. Enfim, liberada para a emergência do hospital. Duas horas no trânsito e o pé doendo. Não resisti e larguei o carro no estacionamento mais próximo e peguei um táxi. Apesar de um hospital particular, tanta gente naquele saguão que me deu pânico! Troca de plantão, autorizações para consultas, raio-x, imobilização, meu Deus tanta burocracia que pensei: " Não vou comprar o hospital!" A espera compensou pelo bom atendimento do segundo médico, o traumatologista passou um anti-inflamatório e descanso total durante dez dias. Se ele soubesse a minha rotina agitada de trabalho saberia que isso só poderia ocorrer numa torre enclausurada. Como voltaria para casa com o pé imobilizado. Anjos existem na nossa vida para nos ajudar, não é verdade? Apareceu um príncipe em minha vida- o problema que ele não era meu já tinha dona- pelo menos foi por umas horinhas. O cara ficou com tanta pena da minha história que me carregou até o carro e manobrou para mim. Ele insistiu em me levar para casa, mas a minha mente neurótica imaginou que poderia ser um louco, assaltante, etc.. Isso o que dá assistir os programas violentos em excesso. Quando uma pessoa conhecida me disse que ele era uma pessoa boa e estava fazendo uma boa ação. Por isso, meu heroi desconhecido: "Sou muito grata!". Ainda existem cavalheiros neste mundo, glória! Temos muitas surpresas mesmo quando não estamos preparados para aceitá-las.

Comentários

  1. Ótima crônica, professora. Sei bem o que dar aula para duas turmas ao mesmo tempo. Atrapalha todo o planejamento e não há rendimento. É ridículo!
    Ass.: seu ex-aluno de Literatura Inglesa II Polo Maria Dolores em Caucaia, José Braga (Braguinha).

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. OI Dj Braguinha!! Com certeza! Não há rendimento por nenhuma das turmas, e não conseguimos dá uma boa aula em nenhuma das salas. Grata pelo elogio!

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